segunda-feira, 30 de junho de 2008
herói
domingo, 29 de junho de 2008
Inimigo
Seu último ato de vingança foi doar-lhe sangue - contaminado.
Pela ira, mas já era o bastante.
sábado, 28 de junho de 2008
A Fuga
A fumaça e a secura rasgam sua garganta. Desesperado, corre o quanto pode. Atrás dele, sempre, o fogo.
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quinta-feira, 26 de junho de 2008
sem pressa
Decidiu-se por uma morte lenta, amarga e dolorosa... não havia pressa.
Entrou no bar e comprou a primeira carteira de cigarros.
desejo de criança
desde tenra idade ansiava-o.
em ralhos diziam não ser próprio para a minha idade.
foi-me deixado como herança: "o guarda-chuva de mão de prata".
já gasto, como eu, deixava entrar a chuva.
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quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
um abraço no spa
já tinha banheiro instalado em casa.
morava só, e aos 85 anos não se habituava à banheira.
continuou a ir ao balneário público.
quando chegava, a Rosita recebia-a com um abraço.
às vezes conversavam.
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É uma realidade em pleno séc XXI – às vezes tomar banho é um luxo para muitas pessoas, residentes nas grandes cidades (e pasmem-se, em casa alugadas à própria câmara e sem instalações sanitárias adequads e(sem água canalizada- local: capital de Portugal; cidade: LISBOA) ou a sem-abrigo. Encontram assim nos Balneários Públicos, além do duche diário e roupa lavada, apoio e companhia que ajuda a apagar um pouco a solidão.
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segunda-feira, 23 de junho de 2008
solução
domingo, 22 de junho de 2008
Amor adolescente
sábado, 21 de junho de 2008
o susto!
Suspenso no escuro, sentiu-se oprimido, empurrado, esmagado, extrusado. Em desespero, abriu os olhos, mas a luz era insuportável. Desafogado, chorou. Demorou-se chorando, até aprender a falar.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Quintan-idades
quinta-feira, 19 de junho de 2008
pollock ou o pingo a partir do 0
prolongava-se na tela por estirar e dela fazia passerelle.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
terça-feira, 17 de junho de 2008
as mil palavras da imagem
sacudiu a terra dos pés, limpou o nariz com a ponta do vestido e sorriu para a câmara.
nunca viu a foto, mas sabia que tinha ficado linda.
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segunda-feira, 16 de junho de 2008
Além da fé
domingo, 15 de junho de 2008
Buscador
Abriu o biscoitinho da sorte e leu a mensagem:
- Viver a vida sem expectativas: isso é liberdade.
Guardou o papel no bolso e seguiu catando mais comida no lixo do restaurante chinês.
sábado, 14 de junho de 2008
OS CAPITAIS
Tinha uma fome incontrolável. Fome de urgência. Não comia muito, mas quando chegava a hora, não podia esperar. Casou-se com um dorminhoco contumaz. Tiveram uma única filha. Ninfomaníaca.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Beijo curto
quinta-feira, 12 de junho de 2008
a censura da chuva
disseram-lhe:
- o que escreves é demasiado pesado, escreve antes sobre flores!
escolheu flores de pétalas duplas e escreveu fábulas para gente crescida.
nunca editou um livro. a chuva levava as palavras.
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quarta-feira, 11 de junho de 2008
terça-feira, 10 de junho de 2008
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Mudar-se
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domingo, 8 de junho de 2008
sábado, 7 de junho de 2008
estranheza
De repente, o sol entrou pela janela e tudo estava em seu lugar, como se nada tivesse acontecido.
Não sabia o quê, mas algo havia.
A sensação durou até o fim de sua longa vida.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Noites e dias em mim
quinta-feira, 5 de junho de 2008
contágio
tinha os gânglios inchados. mas pior eram as dores e os suores.
maquilhava-se para disfarçar.
amara vezes demais sem limites ou precauções.
agora estava SÓ.
pela noite foi ter com o amigo que já partira.
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quarta-feira, 4 de junho de 2008
Provocação
Ele falou pra não pisar que quebrava.Pisei forte, sorrindo.Não agüentou e pisou também, com medo. Apanhou e ficou de castigo, não devia quebrar a bengala da Dindinha.
terça-feira, 3 de junho de 2008
a degradação humana e o peso de uma moeda
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passam fingindo que não vêem.
afastam-se com receio que lhes apaguem o rasto da dispendiosa fragrância.
iluminados? – não! são apenas acomodados.
às vezes aliviam a consciência com uma moeda.
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Revista CAIS - revista de foto-reportagem vendida por sem-abrigo, ou outros grupos socialmente excluidos.
A CAIS é uma Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos. Nasceu em 1994 e tem como missão o apoio à reinserção, a todos os níveis, de pessoas sem tecto e sem lar em Portugal. Com a publicação de uma revista, vendida exclusivamente por pessoas sem residência fixa, e mais recentemente com a Ponte Digital, a CAIS tem procurado reintroduzir no mundo das relações interpessoais e de trabalho, mulheres e homens pobres e marginalizados.
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